21/04/2020 - Atualizado há 1674 dias.
Quando se fala em valorização do trabalho o que o senso comum assimila de imediato são os "direitos do trabalhador". Sim, desde a Revolução Industrial, período em que o mundo avançou consideravelmente no início do século XX, e nesta esteira abusos na relação patrão e empregado, que as pessoas são levadas ao entendimento de que o patrão é um inimigo feroz e que só pode ser amansado com regras rígidas impostas pela Legislação e exercidas com maior rigor por parte do Poder Judiciário.
Da Redação.
Pois bem, tudo isto é verdade na medida em que temos por parâmetro o início do século passado, quando de fato seres humanos eram submetidos a 14 horas de trabalho ininterrupto e sua remuneração mal dava para morar num lugar decente e neste caso específico, estou citando a classe operária inglesa que vivia em guetos, sem condições sanitárias e num ambiente praticamente escravagista. É neste cenário que surge os teóricos Marx e Engles para confrontar essa cruel condição humana nas relações de trabalho, instigando as pessoas a se revoltarem, com justiça, a essa dura e cruel realidade.
Desse tempo para cá muita coisa mudou e hoje considero que já vivemos, em certa medida, uma situação contrária, pelo menos no Brasil onde o indivíduo que se atreve a abrir um negócio precisa estar bem definido em sua planilha, despesas com os processos que sofrerá nas instâncias judiciais. Do contrário, sequer pode pensar em ter empregados para fazer acontecer a sua ideia empreendedorismo. São as regras e quem não consegue cumpri-las, volta à condição de empregado onde o "pelo do coelho" é sempre mais quentinho.
Contudo, hoje depois da pandemia que o mundo vem sofrendo, muitos conceitos deverão ser revistos e é de fato uma pena que para haver as devidas reflexões, tenhamos que estar em meio a uma tempestade, pois não é de hoje que o país sofre com esse modelo na relação trabalhista, defendida por governos de tendência à esquerda que só conseguem ver o mundo por um ângulo.
Não me parece razoável que para um país crescer com justiça e dignidade para todos, os responsáveis pela criação de vagas de trabalho tenham que se sacrificar com a carga tributária enorme e ainda responder na justiça por ter colocado alguém que estava na pior, sem emprego. No mercado de trabalho e não conseguiu cumprir com todos "os direitos trabalhistas" estabelecidos. A reforma trabalhista feita recentemente atenuou um pouco esse desequilíbrio, mas ainda insuficiente pois é preciso outras reformas para que o resultado seja eficaz.
Se a pandemia não motivar um debate sério sobre como deve realmente ser as relações entre patrão e empregado, acredito que não haverá outro momento melhor. Se ficou realmente entendido que há momentos em que a carapuça cabe em todos, por que não sermos mais realistas quando assumimos que não queremos ser patrão, por reconhecer que esse papel também não é nada fácil em desempenhar?
A valorização do trabalho deve ser entendido de forma ampla, bilateral, sem injustiças seja com o patrão ou com o empregado. Se alguém, em algum lugar do passado vaticinou que o patrão é um inimigo a ser combatido, é porque certamente nunca imaginou que teríamos um inimigo muito pior que o desemprego em massa, que leva pessoas a miséria e que traz consigo outros desdobramentos sociais muito difíceis de serem sanados. Estou falando de um vírus letal cujo combate é tão complicado que nem as autoridades conseguem chegar num denominador comum, quanto a como lidar com ele. Se não nos despirmos de todo individualismo e nos vestirmos de bom senso, assertividade e coerência, até a pandemia terá sido em vão, no sentido do aprendizado.
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